Você não sabe qual é a sua vocação? Não sabe a que é chamado? Neste texto do Padre Mike Schmitz, descubra as três vocações que todo mundo tem, e diga a si mesmo como elas se expressam na sua vida.
Padre Mike Schmitz | Tradução Equipe Pascom · 19 de abril de 2018
DIOCESE DE DULUTH, Estados Unidos — Meu nome é Padre Mike Schmitz. Trabalho num campus universitário, o que significa que lido com muitos jovens, com pessoas que estão num período de transição, numa época de discernimentos como este: “O que Deus quer que eu faça da minha vida? O que Ele quer fazer da minha vida?”
De fato, eles se perguntam: “Qual é a minha vocação?”
Se você é católico há algum tempo, você sabe que temos esta palavra chamada “vocação”. Geralmente, quando as pessoas pensam em “vocação”, elas pensam no seguinte: “Eu deveria ser um padre? Eu deveria ser uma freira? Não, não, sou chamado à vocação matrimonial.”
Maravilha. Incrível. Porém esta é uma pequena idéia do que seja vocação.
De fato, digo que existem pelo menos três sentidos para “vocação”.
PRIMEIRO SENTIDO
O primeiro é este: a primeira vocação é a vocação primária, que nunca, que jamais muda. É a vocação universal para a santidade.
“Vocação” significa “chamado”, certo?
Ora, o Concílio Vaticano II afirmou que toda pessoa no planeta (católica ou não, cristã ou não, teísta ou ateísta), toda pessoa é chamada à santidade. É um chamado universal à santidade, que simplesmente significa que toda pessoa, neste planeta, tem um chamado — tem “O Chamado” — para ser santo.
Basicamente, você percebe que, quando você nasce, você tem um destino. Mas isto não significa “sina”, “fado”, “fatalidade”, como se você estivesse fadado a isto. Significa que você tem um destino, e que o destino que Deus quer para você, é uma vida com Ele para sempre no céu, para ser um santo.
Desse modo, a Primeira Vocação, o Primeiro Chamado, é o chamado universal para a santidade.
Vocês todos são chamados a ser santos. Eis a primeira das vocações!

SEGUNDO SENTIDO
O segundo sentido de “chamado” é aquilo tudo que geralmente pensamos: “matrimônio e família”, “vida solteira consagrada”, “vida religiosa” ou “sacerdócio”.
De fato, estes quatro sentidos de vocação são o que geralmente pensamos, tal como: “Eu deveria ser um padre? Eu deveria ser casado? Eu deveria ser uma freira? Eu deveria ser solteiro consagrado?”
Sim, este é o segundo sentido de “vocação”.
TERCEIRO SENTIDO
O terceiro sentido de “vocação” revela-se nesta pergunta: “Quais são as minhas tarefas imediatas?”, ou ainda, “qual a missão imediata a que Deus me chama, exatamente agora?”
Isto sempre mudará. Isto sempre muda, não importando que vocação você tenha.
Por exemplo, se você está casado e não tem nenhum filho, bem, então sua missão parece ser esta. Mas então você começa a ter filhos, e as coisas modificam-se aqui e ali, com este e aquele problema.
Portanto, este terceiro sentido de “vocação” — o chamado de Deus na sua vida diária — está sempre mudando, está oscilando o tempo todo.
ENTENDENDO A SEGUNDA VOCAÇÃO
Já o segundo sentido, este é realmente interessante, pois é aquele com o qual nos preocupamos, o que faz sentido. Mas, na maioria das vezes, o que as pessoas fazem é dizer: “Estou tentando discernir o chamado de Deus para a minha vida, a minha vocação”, ou seja, se o sacerdócio, a vida religiosa, a vida solteira consagrada ou casamento e família, mas elas se perguntam: “Muito bem: eu gosto disto ou daquilo? Gosto destas tarefas ou daquelas tarefas?”, e acham que é uma boa maneira de discernir.
Não é um mau caminho para começar. Mas você tem de entender isto: as “tarefas” a que me refiro são os tipos de ação do dia a dia.
Quanto ao segundo sentido de vocação propriamente dito, o que o marca é isto: trata-se do tipo de relacionamento primário pelo qual você se tornará o santo que você deveria ser.
Eis o que quero dizer:
RELACIONAMENTOS PRIMÁRIOS
Se você é chamado ao casamento, bem, então imaginemos “João”: o relacionamento primário pelo qual “João” será chamado a ser o homem que Deus quer que ele seja, é morrer para si mesmo por amor a “Maria” e aos filhos que eles têm.
Aqui está “Maria”: se ela é chamada ao casamento, este é o relacionamento primário pelo qual ela se tornará a mulher que ela é chamada a ser, amando “João” e aos filhos com que Deus os abençoar.
Como uma irmã religiosa, o relacionamento primário pelo qual ela se tornará a mulher que Deus a chamou a ser, é como uma noiva de Cristo, e também em relação às suas irmãs.
Como um solteiro consagrado, o relacionamento primário pelo qual esta pessoa tornar-se-á o homem ou mulher chamada a ser santa, é servindo as pessoas em suas vidas. Ou seja, derramando-se em sua paróquia, nas pessoas ao seu redor.
Como um padre (isso é incrível e me torna alvo de brincadeiras), o “relacionamento primário” pelo qual me tornarei o homem que Deus me chamou a ser, é ser como Cristo é noivo de sua noiva, a Igreja.
Este é o “relacionamento primário” pelo qual me tornarei o homem que Deus quer que eu seja.
Por isso é realmente importante discernir o tipo de relacionamento. Em seguida, temos de nos perguntar: qual é a tarefa que está à mão? Ou ainda: exatamente agora, qual é a tarefa que você precisa estar fazendo? Mesmo que você não saiba qual é a sua Segunda Vocação, pergunte-se qual é a tarefa que você precisa fazer hoje.
Deus te abençoe.
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Observação: em breve, o vídeo terá legendas em português, mas desde já possui em espanhol.
Padre Mike Schmitz, sacerdote na Diocese de Duluth, Estados Unidos, diretor do Centro Newman da Universidade de Minessota-Duluth
Father Mike Schmitz, ‘What’s my vocation?’, em Ascension Presents [Youtube], West Chester, 1 jul. 2015. — Trecho; ligeiramente adaptado; tradução Equipe Pascom.